Nos dias 13 e 14 de setembro, Mértola (Portugal) acolhe a Conferência Iberconejo sobre sistemas de monitorização do estado sanitário do coelho-bravo. Organizada no âmbito do projeto LIFE Iberconejo, tem como objetivo rever os protocolos atuais de monitorização do estado sanitário do coelho-bravo na Península Ibérica.
O coelho-bravo é endémico da Península Ibérica e uma espécie-chave do ecossistema mediterrânico, sendo presa de cerca de 40 espécies de predadores (como o lince-ibérico ou a águia-imperial) e funcionando como um “engenheiro do ecossistema” devido ao seu papel de modificador da paisagem e dispersor de sementes. Para além da sua importância para a conservação da biodiversidade, a espécie tem também um grande impacto socioeconómico, sendo a principal peça caça menor em Portugal e Espanha e também porque causa prejuízos à agricultura em certas zonas da Península Ibérica, principalmente Espanha.
Os estudos populacionais realizados na última avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) levaram a que a espécie fosse declarada “em perigo” em 2019, apontando as doenças como a principal causa deste declínio e como um fator essencial para a sua recuperação.
Existe uma grande falta de conhecimento sobre a situação epidemiológica e os efeitos das doenças nas populações de coelho-bravo. É por isso que este projeto ibérico e as questões que abordaremos em Mértola são um passo fundamental para estabilizar as populações de coelho-bravo e recuperar o seu papel fundamental no ecossistema, garantindo que a gestão desta espécie-chave mediterrânica não tenha consequências negativas para a agricultura.
Embora Espanha disponha de um Plano Nacional de Vigilância Sanitária da Fauna Selvagem que inclui os lagomorfos (incluindo os coelhos), e embora Portugal disponha de uma Aplicação de Notificação Imediata de Mortalidade de Animais Selvagens (ANIMAS), é necessário desenvolver uma estratégia de monitorização do estado sanitário do coelho-bravo à escala peninsular.
Durante a Conferência Iberconejo, iremos apresentar o estado atual do conhecimento sobre as doenças, os sistemas de monitorização de lebres e coelhos existentes em Portugal e Espanha, bem como sistemas integrados de monitorização sanitária e demográfica de outras espécies.
A conferência terá lugar nos dias 13 e 14 de setembro de 2022, com o apoio da Câmara Municipal de Mértola e da Estação Biológica de Mértola (Portugal), que acolherá nas suas instalações administrações e agentes sociais envolvidos na monitorização do estado sanitário dos coelhos na Península Ibérica.
Agenda da conferência
13 de setembro: as apresentações serão realizadas em formato “portas abertas” para o público em geral – em formato online (inscrição prévia) – e em formato presencial para as administrações públicas, peritos externos, oradores, parceiros de projeto e organizadores.
14 de setembro: os grupos de trabalho reunir-se-ão para debater as propostas de vigilância sanitária coordenada a nível peninsular, os sistemas de recolha de amostras e o tipo de amostras a recolher para que cheguem ao laboratório de referência em número suficiente e em condições adequadas para a sua análise. A utilização e a disponibilidade de aplicações informáticas para o acompanhamento da situação epidemiológica da espécie serão também objeto de análise.
Com a realização destas conferências, espera-se, assim, resolver a falta de protocolos padronizados de monitorização do coelho-bravo, que servirão de base para a definição do estado sanitário da espécie, o que, por sua vez, fornecerá informação fundamental para a aplicação das medidas de gestão e conservação mais adequadas. As conclusões da conferência serão apresentadas ao Comité Ibérico de Coordenação do coelho-bravo (ERICC), que chegará a um consenso sobre a definição dos programas de vigilância sanitária do coelho e as configurações finais das aplicações informáticas.