Progressos na monitorização do coelho: mais de 4.600 quilómetros percorridos em busca desta espécie-chave

Um dos objetivos do projeto LIFE Iberconejo é estabelecer um sistema de monitorização do coelho-bravo à escala ibérica, um pilar essencial para melhorar a gestão da espécie. Durante os últimos meses, foi realizado um grande esforço de amostragem por parte das administrações e outras entidades no âmbito do projeto, que permitirá obter um retrato preciso e atualizado da situação da espécie na Península Ibérica. 

De Portugal a Álava, passando pela Andaluzia e Madrid, foi realizada nos últimos meses a primeira amostragem de coelho-bravo do LIFE Iberconejo: mais de 4.600 quilómetros percorridos em busca da espécie, um trabalho que pela primeira vez foi realizado segundo uma metodologia comum a todas as administrações e entidades envolvidas, que permitirá obter dados fiáveis e comparáveis à escala ibérica.

Este é um avanço notável para a gestão da espécie porque, apesar da sua importância ecológica e socioeconómica, até agora a sua monitorização na Península Ibérica tinha sido realizada seguindo metodologias diferentes entre grupos de investigação, regiões administrativas e até entre administrações da mesma região.

A amostragem foi realizada durante os meses de verão, seguindo as metodologias estabelecidas nos protocolos de monitorização do LIFE Iberconejo, acordados há um ano pelas administrações espanhola e portuguesa.

Equipa do ICNF em trabalho de amostragem na Região Centro, Portugal

Os inquéritos foram realizados por Agentes ambientais, técnicos das administrações e do LIFE Iberconejo, voluntários da WWF Espanha e caçadores. O recenceamento dos coelhos foram realizados através de duas metodologias: Distance sampling, com longos percursos em veículo, e a contagem de latrinas, com curtos transectos a pé, que oferecem dados complementares especialmente úteis em zonas de baixa densidade de coelhos. Foi percorrida uma amostra representativa das paisagens e ecossistemas mediterrânicos da Península Ibérica, tanto em zonas florestais como agrícolas, para obter uma radiografia o mais exacta possível da situação da espécie.

O LIFE Iberconejo utiliza SMART (Spatial Management and Reporting Tool) para a recolha de dados no terreno e para reunir a informação de cada região. Trata-se de uma ferramenta utilizada para a monitorização da fauna e das áreas protegidas em todo o mundo que foi adaptada no âmbito do projeto, embora algumas administrações e grupos de interesse continuem a utilizar outras aplicações (Epicollet, Cibertracker, Observatório Cinegético).

O objetivo do projeto é realizar amostragens sistemáticas e anuais de coelhos-bravos nas regiões onde o projeto opera – Andaluzia, Castela-La Mancha, Extremadura em Espanha e Portugal – e integrar gradualmente o resto das Regiões Autónomas espanholas neste LIFE.

Pontos de amostragem do coelho-bravo em 2024

Os dados de amostragem serão combinados com outras fontes de dados existentes, como as estatísticas de caça, através de um modelo de análise de dados – modelo hierárquico integrado – desenvolvido por investigadores do Instituto de Investigación en Recursos Cinegéticos (IREC – CSIC, UCLM, JCCM), da Universidade Complutense de Madrid e do Centro de Ecologia Funcional e Evolutiva (CEFE-CNRS) da Universidade de Montpellier (França).

Assim, criou-se um sistema flexível que pode tirar partido dos pontos fortes de diferentes fontes de dados e aplicações tecnológicas, que será capaz de integrar novos métodos de monitorização e pode mesmo ser adaptado a outras espécies no futuro. Com a informação recolhida este verão, o LIFE Iberconejo espera publicar uma atualização da distribuição e das tendências populacionais do coelho-bravo em 2025, que servirá de base para uma gestão a longo prazo e baseada em ciência da espécie.

Comparte esta publicación: